segunda-feira, 18 de julho de 2016

Calvário meu e teu...

 Ah meu coração, donde vais desatinado?
Não vês que a ti suplico o perdão em meio a tantos agouros e fardos?
Se fores tu a minha cruz, carregar-te-ei!
E não mais demandarei do teu peso sobre mim; 
seguirei sorrindo, flutuante, 'té o cume calvo do teu ser...

Ah meu coração, não tens pena de mim?
Não sentes o gosto salgado de minh'alma a chorar?
Não sabes que se morreres também irei junto a ti?
E assim será, junto a ti condeno-me a viver!
E minh'alma condoída chora, blasfema.
E minhas forças se obscurecem dentro de mim...
E já não posso sentir-me.
E já não posso ouvir-te.

E dentro de uma cova deleito-me e a hora de minha morte é certa.

Ah meu coração, por que não me salvaste?
Tantas súplicas eu fiz a ti, e tu nem te importaste, nem se quer choraste.
Mas, minha sentença é certa, pois minha vida está condenada em ti.
E se hoje, aqui tu me abandonas...
Ah meu coração, amanhã o meu calvário terá o teu nome!

(aramas)

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